quinta-feira, 7 de abril de 2011
John Galliano
A distinção analítica entre a moda e a roupa é fundamental. A moda é um produto inatingível, imaterial e cultural, enquanto a roupa é tangível, material e concreta”
Paulo Fernandes Keller - Centro Universitário Euro-Americano, Brasília-DF
John Galliano, é chamado de “menino selvagem da moda inglesa”. O estilo teatral das suas criações é consequência do visual que o criador exibe: de personagem dickensoniano a um “albino rasta”, resultado da vida de homem gay assumidíssimo e espontâneo.
Não só de papel, prancheta, pincéis, lápis e de um bom Mac-Pro vive um estilista no século 21. Somente um profissional da era pós-moderna, treinado numa escola de artes pós-moderna poderia criar uma via expressa entre o seu próprio âmago e a natureza mágica que possui um espectáculo de moda.
Para sustentar os seus estudos John Galliano trabalhou como costureiro no National Theatre, em Londres, onde aprendeu e apreendeu a receita que leva ilusão, mágica e noção de espectáculo.
Desde a década de 1980, quando a cultura de massa e os seus acessórios passaram a existir em nível global, desenvolve-se um processo de construção de uma cultura globalizada. A pós-Modernidade é conjunta de valores que norteia a produção cultural advinda desse processo e, no campo da moda, John Galiano é o seu protagonista.
Juan Carlos Antonio Galliano nasceu em Gibraltar, em 28 de Novembro de1960, filho de pai gibraltino e mãe espanhola, que o inoculou com estilo barroco.
Foi alfabetizado na Espanha e declarou, numa entrevista, que “o amor pelos tecidos veio dos mercados, das fábricas de fornos, dos tapetes, dos cheiros, das ervas aromáticas e da cor do Mar Mediterrâneo”.
Em 1966, a família mudou-se para Londres, e, mais tarde, instalou-se Dulwich, onde vive até hoje.
Depois de passar por várias escolas de arte e design, John Galliano chegou à prestigiada Central St. Martin's School of Art. Ali, conheceu outro jovem e talentoso estudante, John Flett, mas a relação entre os dois superdotados estilistas não durou muito.
No espectáculo de formatura da St. Martin's, em 1984, organizado pelos alunos, os seus modelos inspirados em Danton e na Revolução Francesa - que ele havia criado anteriormente para uma peça no National Theatre – causaram tal impacto que os jornalistas especializados ali presentes, o chamaram de “verdadeiro génio da moda”.
Uma semana após a formatura, as suas roupas já estavam a ser vendidas na “Browns”, famosa boutique londrina. Antes do final do mesmo ano, Galliano já havia criado a sua marca. Em 1987, ganhou o prémio de Designer Britânico do Ano, sem que o sucesso financeiro tivesse acompanhado a fama.
Foi um momento tão difícil que Galliano mudou-se para Paris, na tentativa de alcançar outros patamares e passou algum tempo dormindo de favor na casa de amigos. Ali, Anna Wintour, poderosa editora chefe da American Vogue parodiada no filme “o Diabo veste Prada”, usou a sua influência para convencer Kate Moss, Christy Turlington e Naomi Campbell, as estrelas da hora, a desfilar na base da amizade durante uma festa na mansão da socialite e mecenas portuguesa São Schlumberger (mulher de Pierre Schlumberger, da multinacional petrolífera, que atua em aproximadamente 80 países e emprega cerca de 70 mil pessoas).
Dezassete roupas na cor negra, inspiradas na Princesa Lucrécia, num décor com pétalas de rosa espalhadas pelo chão e à luz de candelabros. O show foi um sucesso monumental e o criador selou a sua reputação como um dos grandes nomes do design de nosso tempo.
Na metade da década de 90, quando era o mais procurado criador de moda de Paris, um homem percebeu claramente a fagulha do génio: Bernard Arnault, presidente do grupo LVMH (Louis Vuitton Moët Hennessy), anunciou que Galliano tinha sido contratado para ser o novo
Paulo Fernandes Keller - Centro Universitário Euro-Americano, Brasília-DF
John Galliano, é chamado de “menino selvagem da moda inglesa”. O estilo teatral das suas criações é consequência do visual que o criador exibe: de personagem dickensoniano a um “albino rasta”, resultado da vida de homem gay assumidíssimo e espontâneo.
Não só de papel, prancheta, pincéis, lápis e de um bom Mac-Pro vive um estilista no século 21. Somente um profissional da era pós-moderna, treinado numa escola de artes pós-moderna poderia criar uma via expressa entre o seu próprio âmago e a natureza mágica que possui um espectáculo de moda.
Para sustentar os seus estudos John Galliano trabalhou como costureiro no National Theatre, em Londres, onde aprendeu e apreendeu a receita que leva ilusão, mágica e noção de espectáculo.
Desde a década de 1980, quando a cultura de massa e os seus acessórios passaram a existir em nível global, desenvolve-se um processo de construção de uma cultura globalizada. A pós-Modernidade é conjunta de valores que norteia a produção cultural advinda desse processo e, no campo da moda, John Galiano é o seu protagonista.
Juan Carlos Antonio Galliano nasceu em Gibraltar, em 28 de Novembro de1960, filho de pai gibraltino e mãe espanhola, que o inoculou com estilo barroco.
Foi alfabetizado na Espanha e declarou, numa entrevista, que “o amor pelos tecidos veio dos mercados, das fábricas de fornos, dos tapetes, dos cheiros, das ervas aromáticas e da cor do Mar Mediterrâneo”.
Em 1966, a família mudou-se para Londres, e, mais tarde, instalou-se Dulwich, onde vive até hoje.
Depois de passar por várias escolas de arte e design, John Galliano chegou à prestigiada Central St. Martin's School of Art. Ali, conheceu outro jovem e talentoso estudante, John Flett, mas a relação entre os dois superdotados estilistas não durou muito.
No espectáculo de formatura da St. Martin's, em 1984, organizado pelos alunos, os seus modelos inspirados em Danton e na Revolução Francesa - que ele havia criado anteriormente para uma peça no National Theatre – causaram tal impacto que os jornalistas especializados ali presentes, o chamaram de “verdadeiro génio da moda”.
Uma semana após a formatura, as suas roupas já estavam a ser vendidas na “Browns”, famosa boutique londrina. Antes do final do mesmo ano, Galliano já havia criado a sua marca. Em 1987, ganhou o prémio de Designer Britânico do Ano, sem que o sucesso financeiro tivesse acompanhado a fama.
Foi um momento tão difícil que Galliano mudou-se para Paris, na tentativa de alcançar outros patamares e passou algum tempo dormindo de favor na casa de amigos. Ali, Anna Wintour, poderosa editora chefe da American Vogue parodiada no filme “o Diabo veste Prada”, usou a sua influência para convencer Kate Moss, Christy Turlington e Naomi Campbell, as estrelas da hora, a desfilar na base da amizade durante uma festa na mansão da socialite e mecenas portuguesa São Schlumberger (mulher de Pierre Schlumberger, da multinacional petrolífera, que atua em aproximadamente 80 países e emprega cerca de 70 mil pessoas).
Dezassete roupas na cor negra, inspiradas na Princesa Lucrécia, num décor com pétalas de rosa espalhadas pelo chão e à luz de candelabros. O show foi um sucesso monumental e o criador selou a sua reputação como um dos grandes nomes do design de nosso tempo.
Na metade da década de 90, quando era o mais procurado criador de moda de Paris, um homem percebeu claramente a fagulha do génio: Bernard Arnault, presidente do grupo LVMH (Louis Vuitton Moët Hennessy), anunciou que Galliano tinha sido contratado para ser o novo
estilista da grife Givenchy. O mundinho da moda francesa ficou furioso. Como um inglês - e alguém tão “espaçoso” como Galliano - poderia cuidar de uma Maison considerada património da nação? A primeira colecção (1996) "Le Papillon et la Fleur” (A borboleta e a flor), simplesmente arrasou.
Duas colecções depois e já estava na Dior, justamente no cinquentenário do famoso “New Look”. Ali, Galliano continuou a liberar o seu instinto criativo, cujo espectro ia dos hopi indianos até a atmosfera dos cabarets de Berlim na década de 30.
Por esta audácia, ele pagou um preço: as suas roupas foram consideradas “não vestíveis” e o troco foi curto e grosso: imediatamente, criou colecções fantásticas, bem cortadas e muito usáveis.
Madonna e Nicole Kidman aprovaram e usaram-nas por ocasião do Festival de Cannes e na entrega dos Oscars.
Os seus desfiles teatrais continuam sendo as grandes atracções das temporadas de alta-costura e de prêt-à-porter, da Dior ou da marca própria, Galliano.
Faz questão de se apresentar nos desfiles, exibindo um físico invejável adquirido com 15 km diários de corrida e com a ajuda de personal trainners, único momento em que se afasta do trabalho.
É considerado “o último imperador da moda”
Duas colecções depois e já estava na Dior, justamente no cinquentenário do famoso “New Look”. Ali, Galliano continuou a liberar o seu instinto criativo, cujo espectro ia dos hopi indianos até a atmosfera dos cabarets de Berlim na década de 30.
Por esta audácia, ele pagou um preço: as suas roupas foram consideradas “não vestíveis” e o troco foi curto e grosso: imediatamente, criou colecções fantásticas, bem cortadas e muito usáveis.
Madonna e Nicole Kidman aprovaram e usaram-nas por ocasião do Festival de Cannes e na entrega dos Oscars.
Os seus desfiles teatrais continuam sendo as grandes atracções das temporadas de alta-costura e de prêt-à-porter, da Dior ou da marca própria, Galliano.
Faz questão de se apresentar nos desfiles, exibindo um físico invejável adquirido com 15 km diários de corrida e com a ajuda de personal trainners, único momento em que se afasta do trabalho.
É considerado “o último imperador da moda”
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